Quando me perguntaram isso um dia, eu tive que pedir ajuda às minhas seguidoras no Instagram, já que eu não decidi ser mãe quando isso me aconteceu, aos 21 anos.

Com as muitas respostas que recebi, percebi que somos muito diversas. Cada decisão passa por um caminho.

Vou dizer o que penso sobre isso hoje, 13 anos depois de virar mãe.

Como contei, ser mãe nunca foi um desejo muito forte pra mim. Quando engravidei eu não me sentia pronta de jeito nenhum!
Universitária, sem emprego, sem reserva financeira, no auge da juventude… Sabem o que foi uma das primeiras coisas que me passou pela cabeça?

Que eu nunca tinha crédito no celular! Vivia ligando a cobrar pros outros e muitas vezes passava perrengue na rua porque não tinha como me comunicar! Eu pensava “que tipo de mãe eu vou ser se não tenho como falar com alguém numa situação de urgência?”
De alguma maneira, eu igualava o ser mãe a ter PELO MENOS uma conta de telefone.
E assim eu fiz.
Fui até a operadora e fiz uma conta.
Ali eu me senti um pouco mais pronta.
Mais estável.
Mas eu mal sabia que isso era só o começo…

Estabilidade financeira é importante, claro que é. Mas vai MUITO além disso. Até porque, para a maioria das pessoas comuns, estabilidade é relativo. E muitas pessoas com muito dinheiro ainda não se sentem prontas. Porque, verdade seja dita, dinheiro é importante, mas não é tudo.

Não se pode pagar pelo que um filho exige de nós.
Hoje me sinto mais pronta quando penso no caminho de autoconhecimento que já trilhei. Na resiliência que conquistei.
Nas sombras que já integrei.

Pra mim, acaba sendo sobre ter condições de me deslocar um pouco de mim para ir em direção a um pequeno ser com menos recursos emocionais. De me sentir bem comigo, mesmo se eu não tiver todos os rótulos com os quais construo minha identidade.
De olhar pra frente e sair um pouco do lugar de filha para conquistar o lugar de mãe.
De conseguir acolher a criança que fui, com suas dores e carências, mas agir a partir da adulta que eu sou hoje.

Mas, mesmo assim, ser mãe não é um passeio no parque. Os desafios são diários. De vez em quando eu ainda choro no banheiro, me descabelo, me desespero.
Eu realmente não sei se tem como se sentir 100% pronta. Porque se a gente parar pra pensar…
100% pronta eu nunca estive, mas sou mãe de 3. Eles me encontraram assim, semi-pronta mesmo, e é assim eu sou a melhor mãe que posso ser! Não sei como está pra eles, mas da minha parte o que posso dizer é que essa é uma experiência que eu não trocaria por nada!